Publicada Terça-feira, 14/07/2015

Critérios de Programa de Proteção ao Emprego serão definidos até dia 22
Informação foi dada pelo ministro Miguel Rossetto, ao participar ontem (13) de reunião no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC; na base do sindicato, cerca de 3 mil trabalhadores devem ser protegidos

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Até quarta-feira (22), o governo federal vai divulgar os critérios para a adesão de empresas ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE), concebido para evitar demissões durante a crise econômica pelo qual o país atravessa. A informação foi dada ontem (13) pelo ministro-chefe Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, ao participar de encontro na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, para explicar o programa.

A ideia do encontro era esclarecer e debater as dúvidas dos trabalhadores em relação ao programa. O PPE propõe diminuir em até 30% as horas de trabalho, com redução proporcional do salário pago pelo empregador, definido por meio de acordo coletivo e negociado com o sindicato da categoria. Com o programa, um trabalhador que ganha R$ 2.500, por exemplo, passa a receber R$ 1.750 com a redução de 30% no salário. Mas a diferença do pagamento será parcialmente compensada pelo governo, que vai pagar ao trabalhador metade dessa perda, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Neste exemplo, o valor é de R$ 375, somando um total de R$ 2.125.

“O programa está em fase de definição dos critérios de adesão; no dia 22, ou talvez antes nós vamos divulgar todos esses indicadores. Dois critérios fundamentais são a demonstração da redução de produção ou vendas por conta da situação econômica nacional e o acordo coletivo específico com o sindicato dos trabalhadores. E o prazo é de seis até 12 meses de vigência do acordo. Nós acreditamos em uma adesão importante porque é um grande instrumento de preservação do emprego para evitar demissões”, afirmou Rossetto.

“Ele é um programa de livre adesão e existem vários outros programas que permanecem, como o lay-off e tantos outros. O que o governo quer com o programa é oferecer com uma condição forte para reduzir demissões e manter o emprego. É, portanto, um instrumento de diálogo entre os sindicatos e as empresas, que enxergam nesse programa um instrumento para enfrentar um período curto de redução de produção e de vendas. A minha expectativa é que o programa evite sim demissões, possa garantir emprego e uma retomada rápida de recuperação econômica”.

O programa é voltado para todos os trabalhadores e setores empresariais. Rossetto acredita que apesar de o programa ter caráter livre haverá uma ampla adesão das empresas e algumas já manifestaram interesse e pediram informações sobre o programa. “Volkswagen, Mercedes, Scania, General Motors buscam informações e abriram discussões com seus sindicatos, que é a questão mais importante. O programa está sendo divulgado neste momento, e nós queremos que ele estimule uma relação direta de negociação entre os sindicatos e as empresas, é muito importante porque qualifica uma relação de trabalho. E a nossa expectativa é de que ele se transforme sim em um instrumento poderoso para a redução de demissões no país”.

Para Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o programa será um novo instrumento para a valorização do emprego e da renda no Brasil. “Como ele é um programa piloto, encerra as adesões neste ano e depois as avaliações serão feitas no ano que vem e nós podemos melhorá-lo, inclusive. Para isso, tudo o que a gente apregoa ele tem de provar na prática, que ele é uma ferramenta importante para combater a rotatividade, que preserva de fato o emprego, que foi uma pressão positiva nos custos do FAT, e não negativa como é o seguro-desemprego. Nós temos de fazer uma boa avaliação, ele não é somente para este momento de crise. Ele pode se tornar um programa que dê maior valorização ao emprego no Brasil e hoje não temos grandes ferramentas. Temos o seguro-desemprego que defende o desempregado e tem oneração das demissões através do FGTS e da multa. Nenhum desses dois programas protege o trabalhador empregado. E o PPE pode se tornar isso.”

Marques afirmou que o impacto do programa será significativo. A estimativa é manter até 3 mil empregos com o programa na base do sindicato, que conta com 90 mil trabalhadores. A base conta com montadoras, autopeças e máquinas. “Nós estamos sendo procurados pelos setores de aço, máquinas e autopeças e com as montadoras a gente vem conversando o ano inteiro para lidar com essa crise. Se o programa tivesse vindo antes, teria sido melhor. Agora, é claro, tivemos de convencer as centrais sindicais, os setores empresariais, a Fazenda lutou muito contra esse programa, não foi uma discussão fácil no governo, o ministro (Joaquim Levy) estava um bom combate lá, a gente fez grandes mobilizações em defesa e felizmente saiu agora. Se tivesse saído antes, protegeria mais do que os 3 mil que estamos prevendo agora.”

O ministro Rossetto alertou a categoria sobre a necessidade de lutar pelos direitos democráticos, frente ao avanço de uma onda conservadora e autoritária no país. “Nesses momentos, em que algumas vozes nos surpreendem, e são vozes do passado, vozes autoritárias, reacionárias, que nos surpreendem quando levantam a ideia inaceitável de impeachment, de golpe, de menos democracia, porque nós queremos mais democracia", disse.

O PPE terá a duração de seis meses que poderão ser prorrogados por 12 meses. Durante a vigência do programa e até dois meses após esse período as empresas que aderirem não poderão demitir os trabalhadores que tiverem sua jornada de trabalho reduzida. As empresas terão até o fim do ano para aderir ao programa.

Fonte: Redebrasilatual