Publicada Segunda-feira, 31/08/2015

Lula disse que vai voltar a viajar, a dar entrevistas, para deixarem "a querida Dilma" em paz
"Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado, por isso, eu voltei a voar outra vez", avisou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos seus adversários políticos.

                0

Ao participar de seminário na sexta (29) sobre participação cidadã, no Centro de Formação dos Profissionais de Educação (Cenforpe), em São Bernardo, no ABC paulista, ele disse que não pode ficar tranquilo como gostaria porque seus opositores políticos não deixam.

"Como tenho costas largas e já apanhei demais, eu vou ver se eles dão um pouco de sossego pra nossa querida Dilma e começam a se incomodar comigo de novo. Tô esperando a aposentadoria, mas os adversários não me deixam em paz. Todo dia falam em meu nome", disse Lula a uma plateia animada com seu "retorno".

Lula disse que hoje é um cidadão mais preocupado do que era antes. "Fazia cinco anos que eu não dava uma entrevista. Ex-presidente tem que aprender a ser ex-presidente. O papel do ex-presidente é permitir que o governante fale. Mas resolvi falar um pouco mais, vou viajar, vou incomodar", afirmou

"De vez em quando a direita resolve dizer: 'O lula tá morto, já era'. Eu concordo plenamente com uma frase: 'Todo homem quando se sente insubstituível e imprescindível está nascendo dentro dele um ditador'. Não existe ninguém insubstituível e imprescindível, mas a verdade é que não se criam líderes como se faz pão. Sabe quanto tempo vai durar pra se criar um novo Pepe Mujica?", questionou Lula, ao lado do ex-presidente e atual senador uruguaio.

O ex-presidente mostrou-se perplexo diante da conjuntura política brasileira. "Eu nunca vi uma luta de classes colocada de cima pra baixo", disse em referência às manifestações contra o governo orquestradas pela direita. Para Lula, a resposta da sociedade está na participação cidadã. Ele propõe que os pais acompanhem de perto a educação dos filhos, que acompanhem o desenvolvimento delas na escola e a atuação dos diretores. Sugere que se não estiverem satisfeitos, que protestem.

"De onde vem esse ódio? Será que uma parte desse ódio demonstrado contra o PT é porque as empregadas domésticas conquistaram mais direitos? Nós fomos para a rua para conquistar melhoras para as pessoas. Acho que essas pessoas estão querendo desfazer essas melhoras."

Seu mandato, disse Lula, foi marcado por aproximar o governo dos movimentos sociais. "Se perguntarem qual foi o maior legado que deixei, foi a relação que o governo estabeleceu com a sociedade e com os movimentos sociais. Se juntar todos os presidentes do país, antes de mim, eles não fizeram 10% das reuniões que fizemos. Foram 74 conferências nacionais, que começavam no municípios." Durante seus oito anos no Palácio do Planalto, disse Lula, "as políticas não eram do governo, eram do povo."