Publicada Quinta-feira, 01/10/2015

Mortalidade por câncer de mama é maior entre mulheres de baixa renda
Em 2015, a estimativa é que mais de 57 mil novos casos da doença sejam descobertos no Brasil, o que corresponde a 156 casos novos a cada dia

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O acesso ao tratamento do câncer de mama ainda é um desafio, principalmente para mulheres com menor poder aquisitivo. Um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Mastologia aponta que a variação anual da taxa de mortalidade por câncer de mama é até 11 vezes maior em áreas pobres do país, em comparação com regiões ricas.

Para o mastologista Luiz Ayrton Santos, os dados revelam a dificuldade que as mulheres enfrentam para conseguir tratamento, principalmente através do Sistema Único de Saúde (SUS). “Essa disparidade chama atenção, pois as mulheres pobres são tratadas de modo diferente. Elas enfrentam burocracia, dificuldades para iniciar o tratamento, demora na liberação de medicamento, além de outros impasses”, avalia o médico.

Apesar de ter centros de referência em tratamento oncológico, essa realidade também é presente no Piauí. “Temos os melhores equipamentos para o diagnóstico do câncer de mama em mulheres; entretanto, é necessário criar condições para que o acesso dessas mulheres a esses serviços seja mais simples”, explica Luiz Ayrton.

De acordo com o mastologista, o diagnóstico tardio também contribui para o aumento da taxa de mortalidade da doença. “A mulher mudou seu perfil. Elas agora vivem sob maior estresse. Isso faz com que a incidência da doença aumente no mundo todo. O que devemos buscar é que a doença seja diagnosticada cada vez mais cedo, pois, assim, as chances de cura são maiores”, explica.

O câncer de mama já é o segundo tipo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), para o ano de 2015, a estimativa é que mais de 57 mil novos casos de câncer de mama sejam descobertos no Brasil, o que corresponde a 156 casos novos a cada dia.

 “É uma doença muito agressiva”, lembra artesã que passou pelo tratamento

 “Não é fácil, só quem já passou sabe”. É assim que Socorro Passos, de 63 anos, define, ainda emocionada, o período de tratamento contra o câncer de mama. Há seis anos, ela foi diagnosticada com a doença, após realizar exames rotineiros. Desde então, passou por cirurgia, quimioterapia, e outros procedimentos. Hoje, ela leva a vida normalmente, realizando as atividades diárias, como acontecia antes de ser diagnosticada.

Amante do artesanato, ela lembra que o início do tratamento foi um dos piores momentos de sua vida. Por conta da doença, ela se afastou do ofício que exerce desde criança. “É uma doença muito agressiva, que muda totalmente a rotina da pessoa”, comenta.

O apoio dos familiares e amigos foi fundamental para a recuperação de Socorro Passos. “Hoje, me sinto outra pessoa. Devo muito aos meus familiares e aos membros da Fundação Maria Carvalho Santos, que sempre me apoiaram. Sem eles, acredito que não teria superado esse período”, relata.

A artesã, diferente de muitas mulheres que sofrem com o câncer de mama, teve o diagnóstico ainda no estágio inicial da doença, em exames de rotina. Para ela, esse também foi um dos fatores primordiais para sua recuperação.

“O primeiro passo é a própria mulher que tem que dar, procurando o médico, e realizando todos os exames. Muitas mulheres descobrem o câncer de mama em um estágio mais avançado, quando o tratamento fica mais doloroso”, aconselha.

Fonte: O Dia