O salário
mínimo nacional em 2025 foi definido em R$ 1.518, conforme
comunicado do governo federal após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
sancionar o Orçamento 2025. O novo valor representa um reajuste de R$ 106,
equivalente a 7,5%, em relação ao piso anterior de R$ 1.412. Embora a sanção
presidencial tenha ocorrido apenas em abril, o aumento passou a valer
oficialmente em 1º de janeiro de 2025 e já foi aplicado nos pagamentos feitos
em fevereiro.
Para 2026, o governo prevê um novo salário mínimo de R$
1.631, o que corresponde a um aumento de 7,44% sobre o valor atual. A
estimativa, apresentada pelo Ministério do Planejamento e Orçamento no Projeto
de Lei Orçamentária de 2026, é R$ 1 superior ao valor previsto no Projeto de
Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO).
O mesmo documento projeta os valores para os anos seguintes:
Função do salário mínimo
Previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para
jornadas de 44 horas semanais, o salário mínimo é a base de remuneração para
milhões de brasileiros. Ele também serve como referência para benefícios
sociais, como Bolsa Família, para a definição do piso de aposentadorias e para
o reajuste de salários no funcionalismo público.
Trabalhadores que recebem até dois salários mínimos (R$
3.036) estão isentos de Imposto de
Renda Retido na Fonte (IRRF), mas sofrem descontos para o INSS:
Descontos obrigatórios e limites
Os descontos obrigatórios para trabalhadores que recebem
acima do piso podem chegar a 41,5% da remuneração mensal. Esse percentual é
composto por:
A base de
cálculo com isenção de IR vale para remunerações até R$ 2.259,20.
Entretanto, outros abatimentos podem elevar o total descontado, como:
De acordo com Nelson Mannrich, professor da Faculdade de
Direito da USP e sócio do Mannrich e Vasconcelos Advogados, “os descontos não
podem ultrapassar o percentual de 70% do valor do salário”.
Política de valorização
O reajuste de 2025 segue a Lei nº 14.663/23, que estabelece
a política de valorização do salário mínimo. O cálculo considera:
Segundo Mannrich, “há uma política para repor as perdas
inflacionárias (reajuste) e, de outro lado, para aumentar efetivamente o valor
do salário mínimo (aumento). Em caso de PIB negativo, o salário mínimo é
somente ajustado com o índice de inflação”.
Reajuste no eSocial
Empregadores devem atualizar o novo valor no Sistema de
Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas
(eSocial) antes do fechamento da folha de
pagamento. O procedimento é manual:
No eSocial Doméstico, o ajuste pode ser feito pelo site ou
aplicativo com o auxílio do assistente virtual. Em casos de férias, o
reajuste deve ser registrado antes do início ou apenas após o retorno do
empregado. Para salários acima do mínimo, aplica-se o contrato de trabalho.
Salário mínimo ideal segundo o Dieese
Cálculos do Dieese apontam que, em 2024, o salário mínimo
representou apenas 20,85% do valor necessário para atender às necessidades de
uma família padrão. Em 2020, essa relação era de 23,3%.
O cálculo considera:
A socióloga Adriana Marcolino, diretora técnica do Dieese,
explicou que o cálculo começa com os gastos de alimentação e inclui saúde,
habitação e vestuário, ponderados pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).
Já o economista José Ronaldo Souza Jr., da Leme Consultores
e professor do IBMEC, avaliou que não é possível ao Brasil adotar um salário
mínimo ideal nesse patamar. Segundo ele, o país não tem produtividade
suficiente para sustentar aumentos elevados e corre o risco de impulsionar a
informalidade. Ele destacou ainda que o aumento do mínimo impacta diretamente
aposentadorias, BPC, abono salarial e programas de transferência de renda,
podendo gerar pressão fiscal, elevação de juros,
instabilidade cambial e perda de poder de compra.
Salário mínimo regional
A Lei Complementar nº 103/2000 autoriza estados a fixarem
pisos regionais para categorias que não tenham salário definido em lei federal,
convenção ou acordo coletivo. Atualmente, cinco estados adotam valores
regionais:
Souza Jr. avalia que a regionalização “faz sentido, porque o
custo de vida e o nível de produtividade variam entre as regiões, o que
justifica pisos diferentes”.
Impactos e atenção aos prazos
O reajuste do salário mínimo já impacta diretamente
empregadores, trabalhadores e beneficiários de programas sociais. O correto
registro no eSocial e o acompanhamento dos pisos regionais são medidas
essenciais para evitar inconsistências na folha de pagamento e penalidades
fiscais.
A política de valorização, aliada às projeções para os
próximos anos, indica um caminho de aumentos moderados, mas contínuos,
reforçando a importância do acompanhamento atento por parte de contadores,
empresas e profissionais de RH.