Um episódio fictício da novela Vale Tudo trouxe à tona uma
reflexão atualíssima: críticas aparentemente inofensivas podem impactar
profundamente a autoestima e a saúde mental no ambiente de trabalho. Embora
seja dramaturgia, a cena evidencia um problema real que atinge empresas de
diferentes setores: o desgaste psicológico dos colaboradores.
Não são apenas metas e prazos que afetam o bem-estar
das equipes. Atitudes tóxicas, como fofocas, manipulação, desrespeito e
críticas excessivas minam a confiança, aumentam o estresse e reduzem a
produtividade coletiva. O tema ganha ainda mais relevância com a atualização da
Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que passa a incluir os riscos psicossociais
como parte da gestão ocupacional, exigindo das empresas a avaliação de fatores
como ansiedade, assédio moral e burnout.
Apesar de o Ministério do Trabalho ter prorrogado a entrada
em vigor da nova redação da NR-1 para maio de 2026, especialistas alertam: o
adiamento não deve ser interpretado como permissão para ignorar a urgência do
tema. A saúde mental já é uma prioridade, e empresas que não se anteciparem às
mudanças podem enfrentar perda de talentos, queda de engajamento e aumento de
afastamentos por questões emocionais.
Segundo Eduardo Marciano, gerente de Departamento
Pessoal da King Contabilidade,
é hora de as organizações assumirem uma postura preventiva e humanizada:
“Vivemos uma contradição: fala-se em produtividade e
inovação, mas muitas vezes negligencia-se o bem-estar das pessoas que tornam
esses resultados possíveis. Cuidar de gente não pode esperar uma data no
calendário.”