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Os protestos realizados em todas as capitais do país neste
domingo (21) deram certo. O Senado vai “enterrar de vez” a PEC da Blindagem.
Palavras do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado,
Otto Alencar (PSD-BA).
O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), que também
já vinha demonstrando irritação com pressões de bolsonaristas, também decidiu
endurecer contra a PEC da Bandidagem, como também está sendo chamada, e o
projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
“Depois das manifestações de hoje (domingo), essa PEC será
enterrada. Na quarta-feira, será o primeiro item que vamos votar na CCJ”,
afirmou o senador Otto Alencar ao colunista Igor Gadelha, do Metrópoles.
O povo nas ruas
Aprovada pela Câmara na última terça-feira com larga
maioria, a PEC da Blindagem quer estabelecer votação secreta para a abertura de
processos judiciais contra parlamentares e estender o foro privilegiado a
presidentes de partido.
Por isso o povo e artistas foram à ruas. As manifestações,
convocadas por movimentos de esquerda, ocorreram nas 27 capitais, como São
Paulo, Rio, Brasília e Salvador e também em várias cidades do interior.
Os atos deram força a parlamentares contrários à PEC da
Blindagem, que já enxergavam dificuldades para o texto passar no Senado. O
recado das ruas foi usado por Alcolumbre para reforçar que propostas de
blindagem e perdão não terão vida fácil. Ele enviou a PEC para análise da
Comissão de Constituição e Justiça, em vez de levá-la diretamente ao plenário,
como queria o Centrão.
Deputados recuaram e pediram desculpas
Após a votação na Câmara, que aprovou com larga maioria a
PEC da Blindagem, vários deputados foram às redes sociais pedir desculpas aos
eleitores pelo que fizeram.
Neste domingo parlamentares como o deputado Pedro Campos
(PSB-PE), admitiram publicamente o erro. Irmão do prefeito do Recife, João
Campos (PSB), e líder do partido na Casa, Pedro Campos publicou um vídeo
tentando se redimir. Vários deles disseram que foram pressionados pelos
partidos a votar a favor da PEC da Blindagem.
No Senado, caciques do Centrão disseram, em reservado, que
veem pouca possibilidade de a proposta avançar na Casa a partir de agora porque
os parlamentares não querem associar seus nomes à PEC.
“Demandas reais da população”
Segundo aliados, Alcolumbre deixou claro que não dará
prioridade a nenhuma proposta que sirva apenas a interesses de grupos políticos
específicos.
A mensagem foi interpretada como um freio direto às
articulações do PL e de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tentavam
acelerar as votações.
Com os protestos lotando as ruas contra a blindagem
parlamentar e a anistia, o presidente do Senado reforçou que a gestão dele vai
se concentrar em projetos que atendam demandas reais da população, e não em
“tapas na cara do eleitor”, como classificou o senador Otto Alencar (PSD-BA),
presidente da CCJ.
Anistia perde força
No caso da anistia aos golpistas, Alcolumbre também avisou
que não há chance de aprovação no Senado.
A alternativa que ele admite discutir é uma eventual redução
de penas, mas sem anular condenações já feitas pelo Supremo Tribunal Federal
(STF).
Na Câmara, a proposta ganhou urgência, mas os protestos nas
ruas e a reação no Senado indicam que o projeto deve enfrentar forte
resistência e pode nem chegar ao plenário.