Publicada Quarta-Feira, 06/09/2023
LUTA
Grito dos Excluídos: veja onde vai ter ato no dia 7 de setembro
A 29ª edição traz como lema “Você tem fome e sede de quê?” Proposta é trazer reflexão sobre as principais demandas da sociedade como justiça social e luta contra o machismo, o racismo e outras mazelas

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 Publicado: 05 Setembro, 2023 - 18h47 | Última modificação: 06 Setembro, 2023 - 09h29

Escrito por: André Accarini

 O dia 7 de setembro será marcado mais uma vez por manifestações populares em todo o país como parte do já tradicional Grito dos Excluídos e das Excluídas, que em 2023 chega à sua 29ª edição. No entanto, apesar de a data ser o dia principal, a mobilização, que é realizada com a participação de várias entidades dos movimentos populares e sindical, entre elas, a CUT, ocorre durante toda a “Semana da Pátria”, com rodas de conversa, seminários, diálogos com a sociedade, entre outras ações.

Acesse aqui o site do Grito dos Excluídos e veja a programação de atividades

Se no ano passado os movimentos sociais saíram para as ruas questionando "Independência para quem?", em alusão aos 200 anos da Independência Brasileira em 2022, este ano, com o país tendo um governo democrático e entrando em um novo caminho em que a reconstrução é o principal espírito do povo brasileiro, o lema é “Você tem fome e sede de quê”?

Com essa bandeira, as entidades falam sobre o acesso à água, o fim da fome e a garantia da justiça social. O tema permanente do Grito é “Vida em Primeiro Lugar”.

O objetivo é propor uma reflexão sobre as principais demandas das populações mais vulneráveis e giram em torno de pautas prioritárias para a sociedade como sanar a fome de milhões de brasileiros e brasileiras – os maios impactados com a política genocida dos quatro anos anteriores, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Mas a fome e a sede a que se refere o lema vai além. “O grito quer provocar um olhar à fome que hoje está nas comunidades, nos bairros, no campo, nas cidades. É a fome de comida sim, do arroz, do feijão, sobre a necessária segurança alimentar do país, com alimentos de qualidade, produzidos pela nossa agricultura familiar”, explica Rosilene Wansetto, da coordenação nacional do Grito dos Excluídos e Excluídas.

E ela prossegue. “Entra o debate de quais outras fomes e sedes temos. É a fome da reforma agrária, a sede de justiça, de trabalho digno sem a exploração predatória da uberização, sem a precarização da vida ao extremo em que trabalhadores vivem praticamente sem nenhum direito”.

Além disso, ainda segundo Rosilene, o Grito tem como direcionamento mazelas estruturais como o racismo, o machismo, o patriarcado e temas que afetam os povos originários.

“É a fome de justiça, de liberdade, de direitos à população negra. O Grito traz a partir de tudo isso a motivação, o incentivo para que possamos esperançar e reconstruir o país, para superar as desigualdades com participação popular, com direitos constituídos, como o direito à terra, à alimentação, à moradia, com distribuição e renda tributação dos mais ricos”, ela pontua.

O Grito em 2023 em todo o país

As manifestações acontecem anualmente, sempre no dia 7 setembro, como contraponto ao Grito da Independência, que foi proclamado por um representante da família real portuguesa. A ideia é levar para as ruas e praças os gritos silenciados que vêm dos campos, porões e periferias da sociedade.

Além das atividades no dia 7, várias localidades terão outras mobilizações nos dias anteriores (como na capital maranhense, São Luís) e, eventualmente, em datas posteriores.

Veja a lista de locais com atos no dia 7 de setembro:

Região Centro-Oeste:

Cuiabá (MT) - 16h - Bairro Jardim União
Dourados (MS) - 8h - concentração em frente à Escola Abigail Borralho, rua Marcelino Pires
Goiânia (GO) - 8h30 - concentração na Ocupação Paulo Freire, setor Solar Ville
Rondonópolis (MT) - 8h30 - no Cepa da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga

Região Nordeste:

Aracaju (SE) - 8h - concentração na Praça Olímpio Campos, junto à Catedral Metropolitana
Campina Grande (PB) - 9h - Praça Clementino Procópio
Crato (CE) - 8h - Praça São Vicente
Dias D'Ávila (BA) - 9h - concentração na Avenida Imbassay, 294
Fortaleza (CE) - 8h30 - concentração na Avenida Jornalista Tomaz Coelho, 2050
Iguatu (CE) - 7h30 - Praça dos Redentoristas, Prado
Itaeté (BA) - 14h - Clube das Mães, Rua Belém, S/N
Itanagra (BA) - 8h30 - Assentamento Novo Horizonte
Jaguaruana (CE) - 6h - Capela do Tabuleiro
João Pessoa (PB) - 8h - concentração no Liceu Paraibano
Maceió (AL) - 9h - concentração na Praça Sinimbu, centro
Recife (PE) - 9h - concentração no Parque 13 de Maio
Salvador (BA) - 8h30 - concentração no Campo Grande
São Luís (MA) - 05/09, às 15h, na Praça Deodoro
Senhor do Bonfim (BA) - 9h - concentração junto à Igreja Nossa Senhora de Fátima, bairro Alto da Maravilha
Timon (MA) - 7h - concentração na Comunidade N. Sra. Aparecida
Vitória da Conquista (BA) - 8h - concentração na avenida Régis Pacheco, 770

Região Norte:

Belém (PA) - 8h - concentração em frente a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré
Boa Vista (RR) - 16h30 - concentração na Igreja Coração Imaculado de Maria, Avenida Bento Brasil
Macapá (AP) - 7h30 - caminhada a partir da Igreja Santa Inês, na Avenida Beira-Rio
Manaus (AM) - 15h - concentração no Centro Estadual de Convivência da Família Pedro Vignola, Cidade Nova
Porto Velho (RO) - 15h - concentração no CPA – Centro Político Administrativo - Av. Farguar, 2986
Rio Branco (AC) - 7h - Catedral

Região Sudeste:

Aparecida (SP) - 6h - concentração de romeiros junto à Basílica Histórica, início da caminhada às 7h30
Barretos (SP) - 17h - Catedral
Belo Horizonte (MG) - 10h - concentração na Praça Vaz de Melo, perto do metrô Lagoinha
Campinas (SP) - 9h - Praça Largo do Pará
Caxambu (MG) - 9h - concentração na Praça 16 de Setembro
Colatina (ES) - 8h30 - concentração na Praça do Sol
Congonhas (MG) - 8h - Praça da Matriz Nossa Senhora Conceição
Ipatinga (MG) - 8h - concentração na Estação Ferroviária
Juiz de Fora (MG) - 8h30 - concentração na avenida Rio Branco, entre avenida Itamar Franco e Oscar Vidal
Louveira (SP) - 9h - Paróquia N. Sra. Mãe dos Homens
Mogi das Cruzes (SP) - 8h30 - Praça Cívica
Montes Claros (MG) - 8h - concentração em frente à Fábrica de Café 3 Corações
Petrópolis (RJ) - 9h - concentração no Bosque do Imperador
Pouso Alegre (MG) - 9h - Praça Senador José Bento, junto à Catedral Metropolitana
Rio de Janeiro (RJ) - 9h - esquina da Uruguaiana com Presidente Vargas; 16h - samba no Bar Pingo de Ouro (Cinelândia)
Santos (SP) - 9h - concentração na Paróquia Sagrada Família
São Bernardo do Campo (SP) - 8h - missa na Igreja Matriz
São José dos Campos (SP) - 8h - em frente à Matriz de São José, no centro
São Mateus (ES) - 14h - Sítio Histórico Porto de São Mateus
São Paulo (SP) - 8h - café da manhã com pessoas em situação de rua, Praça da Sé. Ato público às 9h
São Paulo (SP) - 9h - Praça Oswaldo Cruz (avenida Paulista), com caminhada até o Ibirapuera
São Sebastião (SP) - 9h30 - Clube Portal da Olaria
Vitória (ES) - 8h - concentração na Praça do Portal da Ilha do Príncipe

Região Sul:

Blumenau (SC) - 8h - concentração na Praça do Teatro Carlos Gomes
Curitiba (PR) - 8h - concentração no Centro de Formação Santo Dias, Vila Torres
Joinville (SC) - 14h - Paróquia São Miguel Arcanjo, Paranaguamirim
Matinhos (PR) - 7h30 - concentração na Praça Central
São Leopoldo (RS) - grito metropolitano da grande Porto Alegre - 8h30 - concentração no Palquinho da Estação São Leopoldo da Trensurb

Contexto histórico - o grito que não cala

Iniciativa da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o primeiro Grito dos Excluídos teve como tema “A fraternidade e os excluídos”.

A data escolhida para as manifestações não foi ao acaso. A ideia de fazer um contraponto ao "Grito do Ipiranga".

“A cada 7 de setembro, o Grito dos Excluídos vem para lembrar que o Brasil ainda não garantiu os direitos de cidadania à maioria da nação. São pessoas que fazem parte da sociedade, mas não usufruem dos direitos básicos de cidadania”, diz a secretária de Mobilização e Relações com os Movimentos Sociais da CUT nacional, Janeslei Albuquerque.

“Os direitos nunca foram concessões das elites do país e sim fruto de muita luta da classe trabalhadora e dos povos excluídos, que ocuparão as ruas na próxima quarta-feira”, ressalta a dirigente, justificando a importância dos atos que já estão marcados em várias cidades do Brasil.