Publicada Sexta-feira, 29/01/2016

Procuradoria já flagrou fezes de rato onde trabalhadores comiam no Piauí
Fórum discute combate ao trabalho escravo; Piauí está em quinto no número de resgate de casos

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O procurador-geral do Ministério do Trabalho no Piauí, Edno Carvalho, apresentou números que indicam redução de situações análogas a de escravidão no Estado, mas admitiu que ainda há muito o que fazer. No Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, ele lembrou das fiscalizações dos últimos anos. Em uma delas, foram achadas com fezes de rato nos utensílios usados para alimentação dos trabalhadores.

Segundo Edno Carvalho, as fiscalizações de anos recentes encontraram pessoas alojadas em locais sem banheiro, sem água potável e com péssimas condições para se alimentarem. "Nós encontramos em um dos alojamentos trabalhadores, que inclusive eram do estado do Ceará, que os mantimentos da alimentação continham resto de fezes de ratos e outros animais", recordou.

De acordo com o procurador-geral, os setores da cera da carnaúba e produção de carvão vegetal são os que ainda apresentam casos de irregularidades. "Essas duas áreas preocupam muito porque ocorre uma incidência grande de trabalho escravo."

No caso da extração da cera da carnaúba, os índices já melhoraram. O procurador-geral contabiliza uma redução drástica no número de trabalhadores resgatados - de cerca de 160 em 2014 para aproximadamente 40 no ano passado. "Isso mostra que houve um avanço, que o setor está se preparando para dar uma condição adequada de trabalho para esses trabalhadores, embora precise melhorar muito", comentou.

O modo dos agenciadores cooptarem os trabalhadores também mudou. O Ministério Público do Trabalho descobriu que ao invés da ludibriação, com falsas promessas de bons salários, hoje o trabalho escravo ocorre por conta da vulnerabilidade do trabalhador. "A falta de ocupação no mercado de trabalho, e de perspectiva de obtenção de um trabalho, faz com que esses trabalhadores sejam facilmente arregimentados", completou Edno Carvalho.

A orientação do Ministério Público do Trabalho é de que a carteira do trabalhador seja anotada antes do mesmo viajar para o local onde será empregado. Isso facilita a ação dos órgãos de fiscalização, para garantir que essas pessoas sigam para o destino prometido.

Fonte: Cidadeverde